quarta-feira, 12 de março de 2008

Uma farsa vicentina?

O secretário Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, admite "soluções flexíveis" no genial modelo de avaliação que copiaram, mas desde que elas respeitem "os interesses dos professores e os objectivos do Ministério de Educação". Aquilo dos interesses dos professores faz-me rir, vindo de quem vem, claro. E até admite "correcções" lá para o fim de 2009. Até lá, teríamos de o aguentar. Não será suspenso; não será experimentado.
Essas “soluções flexíveis” e essas “correcções” anunciadas são uma farsa vicentina. Espero que os sindicatos não venham a fazer parte dela.
Lendo o texto já disponível, e ouvindo o discurso no telejornais, fácil é ver que fica tudo na mesma. Nem que seja só a fingir. É claro que isso é ditado por questões de agenda política. E também de economicismos tecnocratas.
Quem pensam que estão a enganar? Que me importa a mim, professor, a agenda política do Primeiro-Ministro? Desde quando é que a agenda política mais conveniente é um valor a ter em conta?
Basta de “fazeres-de-conta”. Já aguentamos muita farsa. Basta!E não são só as razões de imagem do Primeiro-Ministro e da sua agenda política que os movem nesta farsa. São também razões economicistas. Mas a Educação, a Escola, os alunos e os professores não são fábrica nem são produtos de fábrica.
A propósito de economicismo tecnocrata, vestido de modernidade, já pensaram naquele flagelo, na sala dos professores, de ver os nossos colegas mais velhos a verem em quanto vão ser roubados, se pedirem a reforma antecipada? E eles não querem ir-se embora, desde que os deixem ser professores. Já viram o número de colocações novas que estes senhores, de teorias importadas - agora é da Finlândia, dizem, mas parecem mais importadas da América do Sul -, vão conseguir desse modo, e de que tanto se vão gabar na campanha eleitoral, à custa de “varrerem” como lixo estes colegas mais velhos?
Claro que temos de ser pacientes. Mas não podemos ser cordeiros inocentes que se entregam alegremente ao sacrifício dos “senhores”. Este modelo tem que acabar. Ponto final.
Aliás, o Primeiro-Ministro, que dizem de tanta coragem, que demonstre que a tem: que demita a ministra; que assuma a sequência de erros grosseiros; que comece tudo de novo; que comece tudo a sério.
Isso, sim, seria coragem. E nós íamos ajudá-lo no que à Educação se refere.
Mas para isso era preciso tê-los. E eu não sei se. Aliás, sei, mas acho que não devo dizê-lo.

Nota: Há expressões que em certas circunstâncias se tornam muito expressivas. E é preciso não ter medo de usá-los sem eufemismos.

12 comentários:

Elisabete disse...

Sempre em forma. É assim mesmo!

TempoBreve disse...

Elisabete!

Claro. Sempre em forma. Mas gostava de dizer-lhe aqui a si, e a quem mais isto ler, que todas as intervenções que faço são sinceras. A mobilização para a manifestação foi sincera. As críticas e os comentários foram e são sinceros.
Escrevi e mantenho que a manifestação era importante. Valia tudo. Engolir divergências. Pegar em bandeiras em que nunca se tinha pegado. Ir atrás de qualquer associação ou sindicato. Apesar de tudo.
Era preciso mostrar ao país, ao governo "e aos sindicatos" a força da nossa vontade, a força do nosso sentir, a força da nossa razão. E mostramos. Agora já todos sabem.
Mas agora vão aparecer caminhos e interesses diferentes. Já estão a aparecer.
Eu continuo na barricada dos professores. Até ao fim. Mas já começa a haver quem fale por nós, sem usar as nossas falas. Talvez já tenham adquirido o que pretendiam. Para eles. Talvez estejam já só interessados em apagar o fogo.
Mas eu vou continuar. Outros irão também. Leu aquele "poema" meu sobre a "Tradição"? Ninguém lhe ligou. Mas ele não foi posto ali antes da manifestação por mero acaso.
Claro que vamos em frente. Mesmo que seja com um sorriso triste a arder no coração.

Anónimo disse...

Deixei comentário no "Ousar Agir".

" O homem que sonha
Não verga a cerviz"

Não verga a cerviz
Exibe os tomates
Arregaça as mangas
Fica até de tangas
Mas levanta a voz,
Que o homem que sonha
Não nega os Avós.

TempoBreve disse...

Ibel:

:-)
:-)
:-)

Gostei.
:-)

Elisabete disse...

Estou completamente de acordo consigo.
Acredito em si. Pressinto que é uma pessoa de bem e que está do lado certo. Também temo os que, pensando só nos seus mesquinhos interesses, esquecem o bem maior dum Ensino de qualidade para todos os portugueses. Até para os Professores, que têm o direito a um ambiente de trabalho digno e ao reconhecimento da sua nobre função.
A Ibel também está de acordo, tenho a certeza.
E, mesmo de lágrimas nos olhos e de coração a sangrar, estou convosco para o que for preciso.
Acreditem que não são só palavras bonitas, é assim que sinto, é assim que sofro o pântano em que caímos.
Um forte abraço para os dois.

TempoBreve disse...

Elisabete

Agradeço as suas palavras. Eu sabia que a manifestação não era um fim, mas um ponto de viragem. E era decisiva. Por isso eu apostei nela.
Eu sabia o que nos esperava nesse ponto de viragem.
Agora, a minha preocupação, é que os que foram pela primeira vez a uma manifestação, e os que já não iam a nenhuma há mais de 20 ou 30 anos, venham a sentir-se defraudados por nela terem estado. Têm estes perigos, estes pontos de viragem.
Mas quem é que disse que era fácil? Mas quem é que diz que baixa os braços?
Um abraço.

Anónimo disse...

gracinda castanheira disse:
Ñão é um comentário aos teus textos mas um testemunho que descobri no blog da minha filhota de 26 anos.Obrigada filha e obrigada a todos os que podiam ou podem dar testemunho de nós.
A nossa voz …

Sou filha de professores, afilhada de professores, amiga de professores, aluna de professores! BONS!
E como a minha, muitas vozes ficam por ouvir… Não tenho qualquer base científica para me pôr para aqui a falar de “as avaliações isto”, “as avaliações aquilo”… Mas não tendo base científica, tenho o testemunho de uma vida! Não vou tentar remar contra aqueles que desconhecem a realidade da vida de um professor. Eu conheço-a e bem. E cheia de bons exemplos!
Deixo apenas a minha indignação…
E aos MEUS professores, quero dizer que parem um segundo, olhem à vossa volta…
Para além do mundo escola, há muito mais… Há filhos crescidos com um futuro promissor, há netinha que vos enche o coração, há viagens, há almoços de Domingo, há música e há acima de tudo um sem número de alunos que com a maturidade certa vos reconhecem! E lembrem-se disto sempre na luta que travam… Ajuda!
E nós ajudamos, como podemos. A defender-vos porque em vocês e sabemos o que valem assim como vocês devem ter sempre presente o vosso valor nestes anos de carreira de que nós, filhos, muito orgulho temos! Sei que é difícil com tantas convicções abaladas, mas tentem... Por vocês e por nós que, embora crescidos, vamos precisar de vós SEMPRE!
Mamã, Papá, Madrinha, Padrinho, Ana “da Martinha” e minha também, não duvidem só, lutem. Só é JUSTO que sintam desta forma!

Publicada em Sexta-feira, Março 07, 2008

Carpe Diem disse...

Se não se importar, peço-lhe que me informe sobre que tipo de rendivicação é que se referia especificando quando, como e onde se irá realizar.
Acredite se conseguir serei a primeira a lá chegar.
Um abraço

TempoBreve disse...

Carpe Diem!

Está tudo congelado. Afinal não vai haver nada.
Não sei quanto mais tempo é que vamos aguentar. Mas tu, não te preocupes.
:-)

TempoBreve disse...

Cara Gracinda!

Manda-me o nome da tua filha. Publiquei o texto dela no meu blogue. Penso que no Sete Peles.
Um abraço.

Anónimo disse...

olá António:

A minha filhota chama-se Marta.Temos de trazer qualquer as nossas «Martas e os nossos maneis» para o nosso lado
Um abraço
gracinda

Anónimo disse...

olá António:

A minha filhota chama-se Marta.Temos de trazer qualquer dia as nossas «Martas e os nossos maneis» para o nosso lado
Um abraço
gracinda