sexta-feira, 14 de março de 2008

O pisco e o cuco*

Desde Janeiro
Se alevanta o pisco
E enlevado canta
O degelo do inverno

Depois em Fevereiro
Pesquisa os valados
A acender fogueiras
De flores que estremece

E em Março sonha Outubros
De frutos maduros e novos
Olvidando sempre que o cuco
Na noite se oculta a trocar-lhe os ovos
.........
*Nota: Não sei por quê, lembrei-me deste texto. Será por causa da vontade romântica dos professores lutando e esperando, com persistência e sonho, apesar de tudo? Será por temer que os professores, no seu romantismo e sonho, e no seu cansaço, se deixem enganar, aceitando que lhes troquem as verdadeiras razões da sua indignação por uma coisinha qualquer?
Se foi por isso que me lembrei deste poema, quem serão os piscos? E quem serão os cucos?
Peço perdão ao "pisco" e ao "cuco". Às aves a sério. Tenho textos sobre eles na pasta de Julho de 2007. E gosto muito deles.

12 comentários:

Elisabete disse...

Então, amigo?
Assim... não! As mangas existem para serem arregaçadas.
É preciso lutar pelo que é justo e bom, como diria o meu querido Antero. Não podemos perder de vista a necessidade que o futuro tem da nossa voz. Acredito nisso, piamente!
Um abraço firme que lhe dê ânimo.
Elisabete

TempoBreve disse...

Elisabete!

É. Às vezes não se disfarça bem. Estou é muito cansado. Mas isto vai lá.
Há que continuar. Ser paciente. Estar atento.
Vá ao endereço "www.petitiononline.com/demissao"

Um abraço.

Anónimo disse...

ò António Mota,

Isto é lindo de Verdade! Bolas, fiquei desarmada!Mas não estou vencida. E tu também não.
O melhor de tudo é mesmo a natureza e essas vozes de cucos e piscos que encantaram artistas e os filhos deles e os netos e os.
Não me tens visitado, mas eu desculpo-te.
Beijão

TempoBreve disse...

IBel!

Vai ao "www.petitiononline.com/demissao"
Não só nã estamos vencidos, como vamos vencer. Há coisas que já não nos roubam. No meio desta confusão toda, aprendemos muito. Aprendemos, por exemplo, amizades que não sabíamos. E solidariedades com que nunca sonhamos.
Um abraço.
Um beijo par ti.

Anónimo disse...

Viva,Sr. Tempo!
Finalmente veio até nós!...Já estávamos a roer-lhe na(s) pele(s) por estar a lutar,a lutar pela dignidade(que vo-la querem tirar a vós,professores, e pessoas que são),o que nos fez reunir extraordinariamente nas suas vinhas nestes dias que esperam Primavera,sem demora.
Estamos atentos e também queremos ajudar.Vamos cantar e oferecer perfume(s)a todos os que se mostrarem cansados pelo caminho.Caminho que se faz também com (o)sonho,fantasia.E esses não morrem.Esses é que nos fazem mover.Esses é que nos fazem lutar.
Força,amigo(S)!Olhem que estamos convosco!

TempoBreve disse...

Violeta!

Eu estava a precisar dum comentário assim. E nós, professores, precisamos do apoio de todos.
Já que fala no plural, vou respoder no plural.
Eu não vos abandonei. Vocês estiveram sempre comigo. Não sei se leu, mas cheguei a escrever aqui que os meus leitores antigos, leitores de outro tipo de textos, teriam de ter paciência, que eu estava absorvido no combate contra a mediocridde tecnocrática e economicista que olha para a Educação, como se a Educação fosse uma fábrica, desumanizada. E como se as pessoas, profesores e alunos, fossem apenas tratados como números estatísticos de conveniência medíocre.
Afinal, não tenho estado senão a cumprir a minha função pedagógica: a de demonstrar que os professores se sabem levantar com espírito crítico, e sem medo, contra a arbitrariedade e contra a imposição autoritária de medidas lesivas que o país irá pagar caro, se as não derrotarmos. Tenho a certeza que esta é também uma lição que os alunos dos professores que lutam, e são quase todos, irão aprender, e irão compreender.
Gostei que se "reunissem" nas minhas vinhas.
Gostei de saber que querem ajudar.
Gostarei do vosso canto e do vosso perfume. Mas eu já não estou cansado.
Estava só a precisar dum comentário assim.
Obrigado.
:-)

Carpe Diem disse...

Continuaremos a lutar mesmo que muitas vezes as desilusões se abatam sobre nós.
Esta batalha não esta perdida, mas mesmo que eles ganhem a luta, nós ganharemos a gerra.
Mas eles não nos conseguiram vencer, nunca em tempo algum, isto porque o coraçao dos que estao a lutar por um sistema Educativo decente bate em uníssono, nunca professores e alunos estiveram tao unidos numa luta ( pelo menos eu sinto isso )e assim continuaremos.
Nota: Se possivel quando estiver a ser organizada alguam especie de rendivicação, informe-me. Terei muito gosto em participar.
Um abraço

TempoBreve disse...

Carpe Diem!

Publiquei o seu comentário na primeira página das Peles.
Se você é aluno, e se é da minha escola, e caso seja meu aluno, eu não o quero saber. Não que isso me importe a mim. Mas pode importar a outros.
As acções dos professores não envolvem os alunos.
Pelo menos para já.
Aqui haverá sempre ´notícia do que irá acontecer.
Obrigado pelo apoio.
Um abraço.

Anónimo disse...

Com desassossego
Se alevanta o tempo
E agitado canta
A canção de Abril.
Quem o ouve sabe
Que é dele o cuco
E também a vinha
Que fervor lhe dão
E ainda o pisco
E um som de água
E um lençol de tanque
Que tranca na mão.
E por isso o tempo
Tem o sonho todo
De qualquer criança
Que não perde a fé
Que o tempo é breve
Mas o sonho é longo
É longo o sonho
Que o traz de pé.

Anónimo disse...

Ora viva, Senhor Tempo!
Confesso que já tinha alguma saudade de textos como este. É que só a palavra "luta" já me assusta. Não que a vossa não seja justa, mas a justiça, às vezes, também causa dor. E é precisamente isso que me atormenta. Bem sei que agora dor só tem quem quer...porque há remédios para isso. Mas também há "maleitas" que nenhuma droga cura. Bem, não quero divagar - por isso é que ainda não sou mãe... - mas cá da minha cova vou observando o que se passa. Sabe uma coisa? Como tenho muito tempo para pensar e o silêncio a isso me ajuda, receio estar a ver-vos, daqui a algum tempo, com uma frustração enorme, do tamanho da vossa esperança. É que há muitos que agora estão convosco, mas não tarda nada vão mudar de barricada: basta que lhes mostrem uma cenoura! E há tantos "artistas" já a mostrar "cenouras"... Não viu o que se passou no Porto? O que hoje é verdade incontornável...amanhã vai parecer apenas uma metáfora...e depois...
Bem, pareço quase uma velha, o que não é metáfora, felizmente. Mas cá da minha cova tenho visto já tanta coisa... Por isso lhes desejo muita sorte, mas tenham cuidado com os que andam por aí disfarçados de cordeiros. Como estamos no período pascal, não exitem e aproveitem-nos para o sacrifício...
Tenha um MUITO BOM DIA.

TempoBreve disse...

Gaivoar!

Obrigado pelo poema.
Ele não é para mim: é para si, principalmente, e para todos os professores que se indignaram e que continuarão a lutar por um Ensino Público de qualidade,com sucesso de qualidade, e não com sucessos fingidos para enganar os alunos e os seus pais.
Um abraço.

TempoBreve disse...

Cara Cova da Moura!

Pus o seu comentário na página principal das Peles. Espero que não leve a mal. Lá vê-se melhor. E, afinal, aqui nos comentários, ele já estava ao dispor de quem o quisesse ler. Por isso, nem pedi autorização. Mas peço-lha agora.
Da minha parte, esteja sossegada. Eu já sei que ficam feridas. Mas também ficam alegrias. Já estão a ficar.
Agora é mais o país, e não os professores a decidirem. A ministra é um peso morto. Perdeu a autoridade faz já tempos. E, pelos vistos, agora já "flexibilizou" (risos) o seu autoritarismo medroso.
E os professores, os que sempre o foram e são, hão-de continuar a sê-lo.
Claro que não mais se repetirá o espírito daquela manifestação. Mas ela já cumpriu o seu dever. Há-de-se falar dela por muitos e longos tempos. Acordou o país. Abalou o governo. Pôs todo o mundo a falar. Nunca se trocaram tantas ideias. Nunca se viu tanta qualidade nas tomadas de posição pública dos professores. É só espreitar nos blogues. Eu acho que até se devia fazer uma selecção desses textos e publicá-los.
Um abraço.