terça-feira, 23 de outubro de 2007

Granito encantado

Já disse ontem nas Peles que houve prodígio, que o Granito inacabado que nelas deixei o encontrei acabado, ou por mão de deuses, ou condão de fada. Aqui vo-lo deixo, como o deixei (primeira estrofe), e como o encontrei, com mais duas estrofes.

Quando amanhã vires
Por mero acaso
Este granito
Se ele existir
Fica a saber
Que eu o marquei
Com o sangue da alma
Espalmado na mão
Para ele durar
No seu sono longo
E de mim te lembrares

E de mim te lembrares
Com o sangue teu
Que no meu verterás
Já corpo de pedra
Granito imortal
Nós dois nessa pedra
Junção mineral

E de mim te falar
Ali tu deitada
Pasmada de espanto
De água e luar
E no ar o canto
De um pisco escondido
Que hei-de voar

Nota: As duas últimas estrofes vieram anónimas. Não podia ser. Eu pedi nome de jeito e o que me deram foi mariadacorrecção. Ora vejam lá que coisa! Como gosta de poesia, de àgua, de piscos e de voar, vou antes chamar-lhe Gaivoar. É assim! Democraticamente.

8 comentários:

Anónimo disse...

Não gosto de Maria da Conceiçâo. Assino Gaivoar que tem muito a ver com pisco, água, altura.

TempoBreve disse...

Olá, Gaivoar!

Assim será feita a sua vontade, como pode ir ver.
Será que gostou?
:-)

Anónimo disse...

Assim está bem e já musiquei o poema.

TempoBreve disse...

Gaiovar!

Você quer assustar-me, quer? Que é isso de musicar o poema? Então você não sabe que um dos meus traumas é não ser capaz de musicar coisa nenhuma? Pior do que eu, só o Jorge de Sena. Porém, isso é já outra história.
Que a música lhe agradeça, que eu não o sei fazer.

Anónimo disse...

Musicar o poema... Mas que surpresa! Sim, porque a maior parte do que se ouve por aí são "poemas" encaixados em coisas que parecem música! Pelo seu estilo (Gaivoar...) deve ser lindo de ouvir. Pena não poder transcrever a pauta. Ou pode? Parabéns ao tempobreve pelo Gaivoar... Já agora: não musica mesmo nada?

TempoBreve disse...

Caro anónimo:

Se você ficou surpreso, então imagine-me a mim!
Obrigado por ter pedido à Gaiovar o que eu também queria pedir.
Quanto ao nome, ela o escolheu. Mas algum mérito tenho, pois, teimoso e indelicado, recusei os dois que primeiro me deu - "Anónima",primeiro; "mariadacorrecção", depois. Protestei, claro! Podia lá ser! Só então ela veio com outra invenção, e Gaiomar ficou. E acho que ficou bem.
Musico alguma coisa, num sentido muito restrito.
Obrigado pelo texto e por ter vindo.

Anónimo disse...

Tempobreve, não me queira fazer engolir gato por lebre.Se o poema não é todo seu,então encontrou uma aima gêmea:(
Ficou zangado?

TempoBreve disse...

Olá, senhora menina, de nome tão doido!

Gato ou lebre, ou seja o que for, não têm piada, se por obrigação.
Todos nós temos muitas almas gémeas. Não sabemos é delas. Não as sabemos encontrar neste tempo breve que passa a correr. Às vezes passam fugazes por nós. Nem nos dão tempo de vermos quem são.
Mas sabe que essas almas gémeas estão muitas vezes dentro de nós? Não admira que as não encontremos, pois em nós é o sítio que nem lembra ao diabo de as ir procurar.
Depois escreverei sobre esta questão, que é bonita.
Não. Não me zanguei. Por que haveria de?
Volte sempre e bem.
E veja lá se perde essa "doidice". Ou será que não tem vassoura para a varrer?
Ficou zangada?
:-)