quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Em jeito de encenação artística

Gostaria de deixar aqui um comentário breve à entrevista dada à Sic, na segunda-feira passada, pelo Primeiro Ministro, que, em jeito de nome artístico, só usa os dois primeiros nomes - José Sócrates.
A entrevista foi bem encenada, com um azul dominante no cenário, quando os intervenientes eram focados em plano maior, em sinal de ponderação e serenidade, combinado com um vermelho vivo, quando se alargava o cenário, em sinal de dinamismo, de força e determinação. Claro que isto que digo é mero impressionismo, pelo que não devem ligar. Mas lá que a leitura que faço é legímima de fazer, isso também é verdade.
Outra parte do encenamento, este já não visual, foi a combinação dos temas sobre os quais o senhor Primeiro Ministro, José Sócrates - os tais dois primeiros nomes, em jeito de nome artístico -, se dignaria falar. Só desses, e não de mais, para a lição ser melhor preparada, e prontamente debitada, com grande fluidez.
E a cereja no bolo, para o cenário ser perfeito, foi aquela simpatia babada das perguntas que eram feitas por jornalistas, sorridentes e encantados com tanta sabedoria. E estavam tão embebidos, esses senhores jornalistas, que até se esqueciam de insistir nas perguntas, que não eram respondidas, e até pediam desculpas, por terem que fazer esta ou aquela, de que o entrevistado poderia não gostar.
O que mais me interessou foi a questão da Educação. Mas esta parte fica para logo, que agora não tenho mais tempo.
...
Nota:
1 -O governo já está a recuar em algumas das mais candentes questões sobre a Educação. Mas são cantos de sereia. Novamente para enganar. E só porque se estão a sentir acossados pela força da razão de quem a tem, mas eles não;
2 - Agora que os professores estão a sair cada vez mais em defesa do ensino e da sua dignidade, e agora que já há indícios de que o governo vai ceder, pelo menos no indefensável, já começam a aparecer, ao lado dos professores, alguns daqueles senhores que sempre estiveram calados, e do lado da ministra. E tal como eu disse há dias, num comentário aqui, também já começam a dizer que sempre estiveram contra aquilo. Acontece sempre assim.

4 comentários:

Elisabete disse...

Fico à espera do resto. Comentário correcto, face ao que li nos jornais.
Eu não vi a entrevista. Já não suporto olhar para a cara, nem ouvir a voz desse senhor que usa nome artístico.
Quanto aos recuos, mesmo a serem recuos, não passam de remendos. Precisamos é de farpela nova. Uma nova forma de resolver os problemas concretos com que as Escolas se debatem e não de teorias que não passam disso mesmo. "Coisinhas" bonitas de quem se senta à secretária e não tem mais que fazer.
Continue com o seu óptimo "verbo"! Será bom para todos.

TempoBreve disse...

Elisabete!

Esperou umas boas horas. Daí,as minhas desculpas.
A mim também não me agrada olhar para certas caras. Mas há que olhá-las às vezes para lhe fazermos frente. E, como eles não gostam disso, devemos fazer um esforço.
Tenho um amigo que diz que, mesmo sem alternativas, nós temos que mentir, dizendo que as há, ou há-de haver. E eu concordo com ele. Por isso, quando você afirma que precisamos de farpela nova, eu dou-lhe toda a razão. Nem que não seja uma farpela feita com todo o nosso agrado, temos de mudar de farpela.
Esta gente não tem carácter. Não tem formação. Não sabe pensar nem sentir. Têm é muito apurados os reflexos condicionados. Mas isso, também o meu cão tem. Sem ofensa para o cão.
Uma nova farpela precisa-se, venha de onde vier, inclusive do PS. Mas quer-se que seja nova. Que esta gente é reles.
Eu até acho que nem é por mal. Eles não sabem mais, por preguiça ou estupidez.
Estou a ser agressivo? Mas com tal gente tem que ser assim.
Eu continuarei a insistir, que eu uso nome de pai, e tenho que o honrar. E tenho que honrar os meus amigos e colegas, incluindo alguns do PS, de que até tenho pena.
Até mais!

Anónimo disse...

Carpe diem = )
Nunca deixe de ser Mr. Keating mesmo que certas "pessoazinhas" de "gravatinha" e "fatinho" que aparentam ser melhores que o seu cão e que na realidade não o são estejam constantemente contra si.
Talvez não seja por mal tal como diz, mas a verdade é que eu e os meus arriscamo-nos a ficar eternamente com a "alcunha" de atrasados mentais que esses senhores devem pensar ( se é que eles pensão) de que somos dignos que é a unica explicação para terem cometido tais monstruosidades.
Deste modo atrevo-me a afirmar que mesmo não estando na mesma classe que o senhor me oponho firmemente contra estas "supostas" leis que era "suposto" fazer com que eu e os meus aprendêssemos com maior facilidade e habilidade.
Só nao entendo como esses "senhorzinhos" nao percebam isso quando até eu o percebo. Só espero que quando ganharmos esta guerra, porque a vamos ganhar, nao seja tarde de mais.

TempoBreve disse...

Caro anónimo!

O seu cometário atira para cima das minhas costas uma grande responsabilidade.
Não. Os seus não ficarão com tal alcunha. Não permitiremos que isso venha a acontecer.
Os professores não gostam de reprovar ninguém. Querem é exercer a sua profissão com dignidade. E não querem estar a enganar os alunos com facilitismos que os entorpeçam e não os ajudem em nada.
Precisamos que os pais se ponham do nosso lado. Não só os pais, mas a população em geral.
É que isto que está a acvontecer afecta-nos a todos. Se afectasse só os professores, isso, apesar de tudo, seria o menos.
Agradeço aquela referência ao "Mr. Keating". Não a mereço, mas gostei. Eu contava-lhe duas histórias a propósito do "Clube dos Poetas Mortos", mas agora não tenho tempo.
Um abraço para si, seja você meu aluno, ex-aluno, pai ou mãe de aluno. Desconfio que é uma dessas pessoas, mas não quero que mo diga.
Obrigado.