quarta-feira, 6 de maio de 2009

Manifestação: relançar a luta colectiva e sem preconceitos, quebrar os espartilhos do tempo

Não há muito que pensar sobre a manifestação de professores marcada para o dia 30 deste mês de Maio. É. Maio tem que se lhe diga. Os maios têm mais ainda. Mas, agora o que mais interessa é o Maio do inconformismo, da reivindicação, da luta, do trabalho, da ruptura. Agora é o Maio da indignação, bandeira da dignidade que os professores, apesar de isolamentos, de solidões, de sofrimentos calados, de incertezas, de ameaças, não deixaram cair ao chão. Por isso, não há muito que pensar: é avançar sobre Lisboa.
É claro que eu tenho as minhas reservas quanto a todo o processo que até agora se viveu. Já aqui as expressei. Os textos terão já um ano ou quase. Mas neles me insurgi contra o que achava errado. Não poupei o ministério nem a ministra artificialmente mantida; mas também não poupei a Fenprof nem o Mário Nogueira tacticista. Quem quiser poderá voltar aos textos. Mas nenhuma das críticas ou reservas que expressei me inibem de dizer que agora há que avançar para esta manifestação. Não com a fé dum ingénuo Frei Genebro; mas com a clareza de que esta manifestação, apesar de tudo o que aconteceu até aqui, é uma alavanca importante para a luta que ainda se vai ter de travar depois dela.
É claro que os cafajestes, parasitas do sistema, não vão gostar nada disto. Mas já estamos vacinados, ora não estamos?

15 comentários:

Anónimo disse...

Antonio,encha o seu copo com um Glenfiddich (dois cubos de gelo,claro.),acenda um aromatico Churchill e sente-se confortavelmente.Garanto-lhe,e voce bem o sabe,que passados dez minutos,nao tera (Ah..!meu inefavel Eça!) pensamento nenhum que nao o possa contar a um santo.

Helena Vilar disse...

Não sei, Mota. Estamos todos tão magoados, desiludidos, cansados... Obrigada pela força.

Eduarda disse...

Faço minhas as palavras da Helena.
Perdemos a esperança.Nunca mais «HÁ LUAR!»

Ibel disse...

Olha, Mota, ninguém fala de manifestações, nem de luta, nem de greves. Os que entregaram os objectivos, obviamente, não vão andar agora em manifestações; os outros, os que se mantiveram na linha da frente, os resistentes, estão exaustos e com um final de ano à porta...
Penso que a arma está no voto. Eles sabem disso.Manifestação nacional de professores, mais uma, é virar a opinião pública contra nós e dar-lhes força a eles.
Abraço, e continua a lutar por nós, porque a causa também é tua.
Obrigada pela força.

Anónimo disse...

"Quando penso no futuro,fecho os olhos para nao o entrever,estremeço,e com a memoria entrego-me aos dias passados".

TempoBreve disse...

Caro anónimo 1!
Você trata-me por António, o que muito me apraz, mas deita-se a adivinhar, a ver se me dá má fama, e quase que adivinha, o que já não me apraz tanto. Mas no quase é que está a coisa.
Quanto ao Glenfiddich, e respeiando os bons usos e os bons costumes, só se de maioridade, e quanto maior melhor, que dezoito ainda é tenro. Ou, então, que seja malt. Mas há outros. Mas há outros que nem digo. E porque estamos a falar de "espírito", o preço do whisky bom é de enregelar a carteira. Mas hoje foi James Martin´s. Sim, do mais velho. Mas só lhe digo estas coisas para que fique verde de inveja. E deixe-se dessas coisas de pedras de gelo. Ele pode lá "aguar-se" o que é bom?
Charuto? Às vezes. Mas só dos bons e oferecidos. É que, nestas coisas de fumo, há muitos anos que me habituei aos afagos da madeira.
Fala-me também no Eça. Mas quando me falam no Eça, eu penso logo no Antero. São cá umas manias minhas.
Quanto aos pensamentos, e ao contrário do que diz, alguns daqueles que tenho só mesmo aos santos é que os poderei contar. Só eles os escutariam, dada a sua santidade.
Um abraço. Mas não se ponha para aí a insinuar bons costumes que me podem dar má fama.
Outro abraço.

TempoBreve disse...

Cara Helena!
Claro que estamos magoados. Mas isso só acontece a quem ainda está vivo e é boa gente. Desiludidos? Claro, mas não a ponto de nos vergarmos servis aos fautores da mágoa e da desilusão. Cansados? É natural. Mas porque nos importamos com a nossa dignidade para honrar a função docente. Não importa se perdemos uma ou outra refrega mais dura; o que importa é não ser cúmplice da estupidez irresponsável que pensa que a escola é um circo; e que pensa que - com base em "formações polivalentes", feitas a fingir e à pressa, num vão de escada qualquer -, qualquer palhaço pode desempenhar com "competência" toda e qualquer função, incluindo a de ser professor de toda e qualquer disciplina.
Há que agregar e erguer de novo uma vontade colectiva; mas, para que tal aconteça, cada um deve começar por reforçar, proclamar e erguer a sua.
Um abraço.

TempoBreve disse...

Cara Helena!
Fazes tuas as palavras da Helena. E eu escrevo para ti as palavras que escrevi para ela. A esperança não se perde: esconde-se revoltada quando nos sentimos sós a suportar a prepotência dos novos senhores feudais. Perante cada professor que ofendem, eles gritam "Felizmente há luar!" só para ver se assustam todos os professores que lutam. Os pobres coitados não sabem que quanto mais luar houver, melhor se vê a hipocrisia e o oportunismo que os sutenta. Por isso, devemos ser nós a dizer que "Felizmente há luar", ainda.
Um abraço.

TempoBreve disse...

Ibel!
Ninguém fala é uma maneira de dizer. Há quem fale. E há os que, não falando, pensam. Este é o resultado de quem deixou os professores quase desarmados a suportar uma luta desigual, feita corpo a corpo, que é a luta mais dura e mais injusta.
Não falarão em manifestações. Mas elas são bem possíveis. Possíveis e necessárias. Há que avançar para elas, até para ver quem está com quem. Quanto aos que se mantiveram sempre na linha da frente, lamento, mas tenho a dizer-te que eles não sabem estar noutro lugar. Por isso, vão continuar na frente. Claro que vão ser críticos, que é o que devem ser. Mas vão estar naquele lugar que é o seu; vão estar de novo na linha da frente.
Há muita gente que entregou os objectivos com lágrimas de sangue nos olhos. Por isso, não os critico. Foi uma fase da luta em que cada um lutava isolado contra a máquina intimidatória e vingativa em que se transformou o ministério dito da educação, apoiado no terreno por capangas industriados no modo pidesco com que deviam actuar. Por isso, não se devem atacar. Não por táctica; mas para não sermos injustos.
Concordo quando dizes que a arma está no voto. Mas, antes do voto, e até tendo o voto em vista, a arma está de novo no levantar duma voz colectiva. Não me preocupo muito com a opinião pública neste momento. Não vejo por que se há-de pôr contra nós. Pode até pôr-se do nosso lado. O que mais me importa é que essa opinião pública ouça mais uma vez que os professores querem ser professores com funções característicamente docentes, numa relação de ensino-aprendizagem; que os professores não aceitam participar calados na irresponsabilização, na infantilização progressiva; na imbecilização oficial dos jovens, pois isso é ofender todos: os professores e os jovens, e todo o cidadão que se importe.
E depois de tudo isto, o povo que vá votar. E que vote em quem quiser. E se quiser votar de modo a que esta política de desastre educativo continue, pois então que vote. E que essa política continue. Mas nós temos de avisar. E, avisar, é lutar até ao fim. E mesmo até depois do fim.
Abraço.

TempoBreve disse...

Caro anónimo 2!
Apetece fazer isso e esquecer, não é verdade? Mas quem diz o que você diz não vai conseguir fechar os olhos. Até porque "estremece". Os dias passados entretêm a memória, e até dão sabedoria. Mas o resultado disso tudo é não poder abstrair-se do presente que ameaça o futuro.
Um abraço para si.

Eduarda disse...

Mota,
...Queres vir à Manif?

TempoBreve disse...

Eduarda!
É claro que vou. Ainda bem que já estás mais animada.
:-)

Anónimo disse...

"E tempo perdido animar para a batalha quem fica fora dela,e aconselhar virtude quem nao e primeiro em segui-la"

TempoBreve disse...

Caro anónimo 3!
Você lá terá as suas razões para se sentir obrigado a dizer as coisas que diz.

Eduarda disse...

Mota,
Toca a pôr o despertador para o dia 30.Vamos «relançar a luta colectiva e sem preconceitos»!
Inté