Pois é! A bem dizer deveria dizer "pois foi!", não devia? Pois é! O certo é que tenho deixado correr os dias sem que tenha molhado a ponta do dedo para folhear em frente as últimas páginas, tanto no Tempo, como nas Peles.
Foi o feriado; mas não foi só por isso. Foi a vindima das últimas uvas; mas não foi só por isso. Foram as intervenções atentas na adega, para que a transformação dos açúcares e a libertação dos aromas se faça de forma moderada e lenta, sem grande oscilação de temperaturra; mas não foi só por isso. Foi por me ter posto a intrometer comentários, aqui e ali,em blogues alheios, que gosto de fazer ; mas também não foi só por isso. Bem lá no fundo, não foi por nadinha disso. Nem muito, nem pouco.
A verdade é vaidosa. E eu devia omiti-la. Mas é tão poderosa, que não consigo sustê-la portas adentro. Assim, pecador me confesso da presunção narcísica que me atacou nas Peles. É verdade. A demora deveu-se tão só àquela última trilogia de peles, que despi de mim e lá vos deixei, na forma de Silhuetas, Cá para mim é mulher e Mulher. Qual coruja obnibulada pelo amor aos filhos, eu as vi bonitas, a elas, às peles, a todas as três, mas mais ainda à última, a de nome Mulher,que foi a que eu mais quis fazer durar. Aí uns dois dias, para não notarem que estava a fazer de propósito.
Foi então que apareceram, passados aqueles dois dias, colados a essas três peles, todas elas de mulher, uns comentários bordados de bondade e simpatia, e todos eles assinados por mão de mulher também. E eu deixei-me seduzir, e caí na tentação, enchendo-me de enlevos fáusticos, e deixei-as ali ficar, às peles ou às mulheres, durante a semana inteira, para todo o mundo ver.
Eu tenho quase a certeza que foi o diabo, que é tendeiro, e senhor de artes mil, que me levou a pensar tanta tolice. Mas a culpa não é dele, que só fez o seu dever.A culpa é só das peles, transparências de mulheres, que eu vi com tanto gosto; ou então é das mulheres mesmas, as dos comentários simpáticos, que me agradaram tanto.
Sejam peles ou mulheres,isto é obra do diabo.
Bendito seja o diabo.
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
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8 comentários:
Aguardando a conclusão...:-))
Olá, GraçaGrega!
Foi a primeira vez que apuseram aqui comentário sem que o texto estivesse acabado. Foi bom, porque quase me obrigou a dar-lhe continuidade; foi mau, porque tive que o acabar à pressa. Por isso, talvez lhe dê ainda uns retoques.
De qualquer modo,espero que volte a ler o texto, ao menos na parte final, só para perceber que a culpa foi também sua.
:-)
Claro que a culpa tinha de ser minha...
Vc adora culpar-me mesmo quando eu estou inocente...:-))
Está bem demonstrado, no último parágrafo, que a culpa é sua. Primeiro, porque me apareceu como transparência de mulher num nome que é mito; segundo porque me deixou aquele primeiro comentário a dizer que gostou, só para me envaidecer.
Como vê,não sei que lhe faça, mas a culpa é sua. Por isso, quanto a inocências, temos falado. Mas eu posso sempre aliviar-lhe a consciência, ouvindo-a em confissão. Mas terá penitência dura. Dessa nãose livra.
:-)
Narcísico, sim senhor! Mas com todo o direito a sê-lo,porque com ironia ,gracejos e poesia, os seus textos são uma fonte cuja água lava a alma.Qunto às culpas, as sais foram sempre obra de deuses para que os homens vislumbrassem o paraíso em terra.Faça voçê bom proveito delas que só térá que prestar contas no juízo final...
Quanto ao narcísico,eu bem tento disfarçar. Mas gente atenta e esperta, qual a Ibel o é,nota logo muito bem, que esse meu disfarçar é forma de acentuar o narcisismo que finjo.
Quanto às culpas, eu agradeço o sossego que me deu,tirando-as de cima de mim, e pondo-as às costas dos deuses. E eu ajoelho perante eles, pelos vislumbres de que fala, e eu sei que são verdade.
Agora quanto à minha escrita, só posso enrubescer da bondade com que as vê.
Mas uma coisa é certa: tenho a volúpia das palavras, e tento tratá-las bem. E imito, aprendendo, com quem faz bom uso delas,que é o que você faz tão bem.
:-)
As mulheres são a grande maravilha do mundo (nem sei por qual motivo se fala de sete), e então se tiverem sete saias e o tempo não for breve...
águamar
ÁguaMar:
Eu também acho que sim. Mas falo duma perspectiva masculina, que é uma perspectiva divinamente suspeita.
Isso do sete é símbolo, que não se aplica só às mulheres, mas confesso que lhes cai muito bem. Tal como as saias, mesmo não sendo só as saias delas. Mas,quando o são, caindo ou não, caem sempre bem, que os olhos dos homens, ou por feitiço delas, ou por imaginação manhosa,arranjam sempre maneira de as ver no chão.
Quanto ao tempo, ele nunca é breve, antes eterno, quando o momento nos marca na alma.
Obrigado por ter aparecido.
:-)
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