Azáleas! Quem nunca as viu por aí luxuriantes, inundando canteiros, marginando caminhos, cobrindo valados, bordando parapeitos, enchendo de beleza singela um vaso à janela?
Gostam do que é muito: gostam do oxigénio e gostam do silício - os dois elementos mais abundantes na crusta terrestre -, o que as faz partilhar segredos em todos os reinos que a natureza tem; e diz-se até que a maior parte delas gosta das alturas.
Gostando assim do que é muito e tanto, assim se percebe a exuberância que exibem: nos caules e ramos que se entrelaçam indistintos, como se fossem um arbusto só; nas flores que apertadas se agrupam na ponta dos ramos, como se fossem uma flor apenas; na multiplicidade de cores, em escalas vaidosas de tons luminosos, como se fossem uma aguarela; nas vagas sucessivas de flores que, sendo diferentes, são do mesmo mar – umas em botão espreitando, outras namorando primeiros amores, outras já amando o sol e o fruto, outras já madurando a sabedoria, outras já murchando, outras já caindo.
Como é que as azáleas são tão natureza e aprenderam tanto? Como é que as azáleas aprenderam a entrelaçar as mãos, a agrupar as flores, a misturar as cores, sem barreiras bastardas entre gerações? Como é que as azáleas aprenderam que cada uma delas seria mais bela se inscrita na pauta duma sinfonia de amor à terra, de amor à espécie, de amor ao belo, de amor à vida?
Como é que as azáleas aprenderam tanto, e o homem não?
Gostam do que é muito: gostam do oxigénio e gostam do silício - os dois elementos mais abundantes na crusta terrestre -, o que as faz partilhar segredos em todos os reinos que a natureza tem; e diz-se até que a maior parte delas gosta das alturas.
Gostando assim do que é muito e tanto, assim se percebe a exuberância que exibem: nos caules e ramos que se entrelaçam indistintos, como se fossem um arbusto só; nas flores que apertadas se agrupam na ponta dos ramos, como se fossem uma flor apenas; na multiplicidade de cores, em escalas vaidosas de tons luminosos, como se fossem uma aguarela; nas vagas sucessivas de flores que, sendo diferentes, são do mesmo mar – umas em botão espreitando, outras namorando primeiros amores, outras já amando o sol e o fruto, outras já madurando a sabedoria, outras já murchando, outras já caindo.
Como é que as azáleas são tão natureza e aprenderam tanto? Como é que as azáleas aprenderam a entrelaçar as mãos, a agrupar as flores, a misturar as cores, sem barreiras bastardas entre gerações? Como é que as azáleas aprenderam que cada uma delas seria mais bela se inscrita na pauta duma sinfonia de amor à terra, de amor à espécie, de amor ao belo, de amor à vida?
Como é que as azáleas aprenderam tanto, e o homem não?
6 comentários:
Adorei,Tempo Breve.Há bem pouco tempo,ontem,eu referia essa questão num outro blog e hoje,você também foi buscá-la.Porque é que a natureza vive,porque é que a natureza sabe viver em harmonia e o homem não?Porque é que a natureza tem sensibilidade e o homem não?Porque é que a natureza dá o exemplo e o homem não?Porque é que a natureza ama e o homem não?
Parabéns pelo texto.
Tenho lido belas páginas de literatura, descrições cesarinas,palavras de condão, pelo encanto delas mesmas aos molhos e pelo apelo à reflexão. Mas esta página, de cores de visualismo cromático e de corrediço impressionismo literário, obrigou-me a uma apetecível sobremesa de delícias de bem-pasmar.
As questões retóricas que você coloca no final do texto, sabe-as o homem , por isso as sabe você.
As azáleas são outro tipo de "humanidade". São frutos da terra,e, por isso, não se enclausuram na pequenez de olhos no chão.Abrem-se para a beleza de um céu que as convoca para a leveza do azul ...Então tomam as cores que são o encanto do canto natural e espontâneo e vivem despidas de saias, com peles que se matizam das cores com que se dão aos olhos.
Vir a este ou a outros blogues de qualidade é ler literatura, é ser decente como docente que ama as palavras e a quem as afaga e as veste tão alindadas por fora e de comover por dentro.
Talvez lhe tenha dado uma resposta para as suas interrogações.
Virei aqui, sempre que puder, porque a boa disposição e a ternura entrelaçam-se e convivem arejadamente e sem anonimatos. Como as azáleas.
Sou de ternuras. Um beijo.
Caro anónimo!
Adorei que você adorasse e me desse os parabéns pelo texto.
Mas olhe uma coisa, aqui que ninguém nos ouve: não deve dizer-me isso que eu tenho em mim uma gaveta enorme onde tento esconder simpatia e vaidade; e acontece que, quando são agradáveis comigo, essa gaveta cresce, cresce, cresce, sempre a exigir mais. E só aceita que eu ponha lá, não da simpatia minha - que eu podia fingi-la -, mas da que outros que, tal como você, me dão dispensando. Por isso veja lá se não me alimenta muito esses caprichos que a minha gaveta tem, que eu fico contente, e ela ainda mais.
Quanto aos humanos, eles vão aprendendo, mas muito devagar. E o meu receio é que, quando aprenderem, já aprendam tarde. Mas há que insistir, não há?
Muito obrigado. Espero que tenha vistos os postais de natal que eu fiz e deixei aqui para si.
Continuação de Boas Festas.
:-)
Cara Isabel!
Sei que lê muito e bem. E que não perde tempo com leituras menores. Por isso, maior é o meu susto quando diz que o texto "Uma sinfonia de amor ao belo", que eu arranhei em escrita, virou sobremesa para si, que é a parte mais de apreciar em qualquer manjar. Mesmo descontando realisticamente o favor da sua simpatia, não possso deixar de pasmar ao ler o que diz.
Elogios, esses merecidos, devem ir inteiros para as suas reflexões sobre as azáleas e os homens, e para o modo como liberrta as suas palavras emotivas, refexivas e livres, em regato límpido.
Quanto ao texto "Uma sinfonia de amor ao belo", se algum mérito tem, esse deve-se às azáleas, pois foram elas que mo ditaram.
Gosto que seja de ternuras.
Mande sempre.
Um beijo para si também.
Para as azáleas, um beijo de Ano Novo de quem muito as amas por serem flores.
Olá, Beija-flor, coisinha tão pequenina!
Eu vou ficar com o beijo que você deixou para as azáleas. Elas não se vão importar, porque sabem muito bem que tudo o que aqui dão é sempre a mim que dão, mesmo não sendo para mim.
Um bom ano para si, e muitas flores para.
:-)
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