Afinal, as Peles não conseguiram acabar aquele texto que falaria de arte. Tinham já o esboço de como o texto seria - que é o mais difícil-, mas fui eu, o Tempo, que o desenhei, e fui eu que deixei que elas mo roubassem. Escreveram aquela peimeira frase, o que já não foi mau. Mas, imprudentes, peometeram que continuariam o texto, logo de seguida. Não se lembraram que sem a minha ajuda - diga-se e repita-se, para quem não saiba, sem a ajuda do Tempo - elas não conseguem nada.
Ora eu, o Tempo - logo que elas fizeram aquela promessa insensata -, carreguei com calma uma cachimbada, e peguei num copo - que tem uma escrita antiga -, e numa garrafa com uma forma apurada, que é de reserva, e de malte puro - mas não digo mais nada, a não ser que me paguem a publicidade -, e sentei-me à lareira, com um cesto cheio de canhotas secas ao lado, e escolhi uma música - clássica, já se vê -, e embrenhei-me adentro do cachimbo e copo, e da garrafa e lenha, e do crepitar das chamas, e das formas e cores que elas desenhavam, e de outras formas e de outras cores que eu via nelas, e da mísica funda que me comovia, e deixei-me estar, e deixei-me ficar, e o tempo passou, sem que eu o visse.
Era madrugada e alevantei-me. Eu estava tão bem. E pensei cá para mim: - Vou-me às Peles, para as ajudar a acabar aquilo. E depois pensei: - Pensando melhor, ele há lá arte que eu possa agora escrever, que seja mais arte do que aquela que eu estive agora a viver? E logo respondi: - Não, não pode haver. E a seguir hesitei: - A não ser que me deite e sonhe.
Fui, então, deitar-me e dormir e sonhar. Mas não lhe conto o sonho, que foi de arte maior, embora lhe possa dizer que foi muito parecido, com os sonhos que você sonha.
No fim do sonho, quase ao acordar, uma voz me disse para vir aqui, não para lhe dizer isto que lhe disse, mas para culpar as Peles por não terem cumprido o que prometeram. E para lhe prometer que eu, o Tempo, as vou obrigar a cumprir a promessa - a bem ou a mal.
Foi o que a voz me disse. E como já lhe disse o que ela me disse, vou-me embora agora, mas volto mais logo, para o sossegar quer quanto ao macaco, quer quanto àquela coisa dos computadores.
Até logo, sim?
:-)
sábado, 15 de dezembro de 2007
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6 comentários:
Pois eu acabo por dizer(na continuação de seu texto)que não foi um pedido meu mas uma petição lançada por alguém. Acredito tal co
mo o tempo....
Mas uma coisa devo sublinhar no texto:"Há arte que deve chocar; mas nem tudo o que choca é arte.
:-)
Desculp'e nem haver aspas e etc,,,, mas simplesmente...na aparecem....
Obg pela sua visita. Quanfo quiser volte uma vez que não "posto" todos os dias....lkolol
Errata:
1º pARÁGRAFO-(""-aspas)
2º pARÁGRAFO-( ´ESTÁ A MAIS E O "F" EM VEZ DO D...)
rsrs
Zuzinha;
Ao pedir o que pediu, deu mais força a quem pediu primeiro, e, por isso, o pedido também é seu. E foi ao seu que eu respondi.
É, às vezes, estas maquinetas roubam-nos acentos e aspas. São umas distraídas, as máquinas. Um dia damos-lhe uma sova, está bem?
Tenha uma boa samana.
:-)
Você não andará com alucinações?
Isso de andar a ouvir vozes:::!!!!!
Senhor Galileu!
Você continua com as suas heresias, insinuando, mesmo que ao de leve - que é o modo de insinuar mais eficaz -, que eu possa, porventura, andar com alucinações? Você não aprendeu nada com a Santíssima Inquisição?
Ela deveria ter sigo menos generosa consigo! Ai devia, devia! Agora, eu que o ature!
Claro que isto de ouvir vozes pode ser duvidoso. Há que ter cuidado. Mas há que saber ouvi-las.
Você sabe disso, que até esteve preso, e foi condenado, e quase o assaram, por causa das vozes que você ouviu, e que o mandaram afirmar a ciência que a crença não queria.
:-)
Obrigada e igualmente: uma óptima semana:)
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