Os machos, vaidosos, exibem seu fato de penas, de um preto azeviche lustroso, e seu bico vário, em tons de amarelo vivo e ruivo. São muito vistosos, cumprindo a regra, quase sagrada, que a natureza quis impor aos machos. Menos aos homens, esses convencidos, que se distraíram, e, preguiçosos, perderam o brilho e a graça. Mas adiante, que ainda me batem.
As fêmeas, numa discrição cuidada, usam vestimenta preta desbotada em castanho, e bico despido de ostentações coloridas, seguras que estão dos seus predicados para chamar os machos. E isto foi bênção com que a natureza brindou o que é fêmea. E as mulheres também. Mas estas, espertas, deitaram mãos à vida e alteraram tudo. Para espevitar os sentidos dos homens esquecidos. Mas adiante. E depressa.
Onde quer que estejam, e estão por todo o lado, gostam sempre os melros de humidade e relva. E é aí que brincam. Brincam rente ao chão, em campo aberto, entre penedias, escondidos nos bosques, no meio dos jardins , e nos bancos destes. São uns brincalhões. Brincam saltitando e, se mais agitados, movem-se aos sacões com a cauda erguida. E brincando buscam um prazer que é seu, que é comer minhocas. Perdem-se por elas. Para as encontrar, correm Seca e Meca, e apartam a relva, e fazem buraco, só por causa delas.
E que bem que cantam. E que melodia. E que harmonia. Seriam os melhores, não fosse a mania daquela pressa à toa. Lembram-me o Camilo. O que escrevia. Mas isso é já uma outra história.
São uns valentes. Não fogem à luta, quando tem de ser. Por causa do campo de jogo que é seu, da relva que é sua, do buraco que é seu, da minhoca que é sua, da família sua, e dos filhos seus.
Chegam aos limites: chegam a matar, chegam a morrer, chegam a matar-se, e a matar os seus.
2 comentários:
Você já conheceu Olegária?
Não está perdendo nada, bolas!
Não. Ainda não. Mas vou. Com um nome tal e uma pergunta assim, lá terá que ser. Quanto ao "não está perdendo", "bolas" para o aviso!
Voltem sempre e quando.
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