Com desassossego
Se alevanta o tempo
E agitado canta
A canção de Abril.
Quem o ouve sabe
Que é dele o cuco
E também a vinha
Que fervor lhe dão
E ainda o pisco
E um som de água
E um lençol de tanque
Que tranca na mão.
E por isso o tempo
Tem o sonho todo
De qualquer criança
Que não perde a fé
Que o tempo é breve
Mas o sonho é longo
É longo o sonho
Que o traz de pé.
*Gaivoar
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Nota: Este poema nada inocente, a exigir sacrifício e a não tolerar recuos fáceis, foi-me enviado pela Gaivoar, que é a minha colega e amiga Isabel Fidalgo. É claro que o poema é dedicado a todos os professores que, como podem, vão resistindo à hipocrisia e à mediocridade do "faz-de-conta que é mas não é" dos "porreiro, pá!"
domingo, 16 de março de 2008
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6 comentários:
Gostei deste formato.Podes pôr o meu nome, até porque o "gaivoar" é um neologismo inventado pela Isabel Fidalgo, em Agosto passado, no Carvoeiro,mesmo ao fim da tarde,com a praia praticamente vazia,só com o barulho das ondas e os bandos de gaivotas, naqueles voos lindíssimos e acasalados, e eu a seguir-lhes a altura e a pensar:- quem me dera gaivoar!
Olá António e Gaivoar:
Eugénio de Andrade,já muito perto do seu fim físico,e na cama do hospital de S. António, escreveu na carta que endereçou aos amigos que em dia do seu aniversário se reuniram para o presentear:
« ...uma árvore ou um poema ainda podem salvar o mundo. »
Que este da Gaivoar nos ajude a não desanimar.
Gracinda Castanheira
Será o tempo assim tão breve que não possa o seu dono redimir-se do esquecimento e enviar,ainda que com um dia de atraso, os parabéns a essa fidalga Lia(sa)bel,nossa alada amiga que anda a gaivoar por aí?
Isabel:
Ainda bem que gostaste do formato, e não levaste a mal. É vício de professor, este vício de meter sempre o "bedelho".
Eu também gosto muito das gaivotas. Quando em voo.
E vou dizer-te um segredo: há uma praia, lá bem no norte, onde as gaivotas são todas minhas. Bem, às vezes ofereço uma ou outra a outras pessoas - sempre crianças. Não sei se algum dia faça uma excepção.
Um abraço.
Olá, Gracinda!
Sim. Enquanto houver um poema a brilhar, o mundo poderá ser sempre salvo. E será.
Um abraço.
Caro José Coimbra!
Obrigado pela "reprimenda". Espero ter-me redimido, pelo menos em parte, com o texto que deixei no Tempo.
Obrigado.
E um abraço.
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