Aqui lhes deixo um breve resumo do enredo de O Alienista. Retirei-o dum pequeno ensaio da autoria de José Emílio Major Neto, intitulado O ALIENISTA DE MACHADO DE ASSIS, e que vem publicado na parte final da edição, datada de 1993, que lhes apresento nas Peles. Gosto de ser eu a escrever, mas desta vez preferi assim. Atrevo-me a deixar aqui este breve resumo, pois acho que ele possa ter alguma utilidade para quem não conhece a obra; e porque estou convencido que ele não retirará prazer algum a quem a quiser ler agora. Ei-lo!
1º - O Dr. Simão Bacamarte recolhe à Casa Verde (edificação destinada especificamente a esse fim), os indivíduos que a sociedade sua contemporânea denomina como loucos ou doidos.
2º - A partir de seus estudos e análises destes indivíduos, ele formula a sua primeira teoria da loucura, qual seja: esta patologia humana é a manifestação do desequilíbrio existente nas várias funções mentais; assim, o não perfeito e absoluto equilíbrio das funções mentais já é indício de loucura.
Com esta constatação, ele começa a recolher na Casa Verde todos aqueles que não apresentam um perfeito e absoluto equilíbrio mental.
3º - Com o passar do tempo, a Casa Verde fica lotada, e o alienista percebe que mais de quatro quintos da população está encerrada entre suas paredes. Assim, é obrigado a rever a sua primeira teoria sobre a loucura, em função das estatísticas, ou seja: se a maioria da população de Itaguaí não apresenta um perfeito e absoluto equilíbrio das funções mentais, sendo tal aspecto característica marcante da minoria da população, a conclusão lógica e científica só pode ser a oposta. Assim, o perfeito e absoluto equilíbrio mental é que é indício seguro de loucura e insanidade. Os normais são os loucos, e os loucos os normais.
4º - O alienista liberta os antigos loucos, agora sãos e normais, e começa a recolher os antigos sãos e normais como loucos. Em seguida, as pessoas que apresentam um equilíbrio mental, vale dizer moral, perfeito, são submetidas a uma terapia que lhes faz despertar o gérmen da sanidade, ou seja, do desequilíbrio mental. Em pouco tempo a Casa Verde se esvazia, e Simão Bacamarte percebe que não foi responsável pela cura de nenhum deles. Todos os seus pacientes traziam em latência o gérmen da sanidade, ou seja, do desequilíbrio das funções mentais. Aqui, Simão Bacamarte formula a sua última teoria sobre a loucura e a sanidade humana, que o leitor certamente encontrou na conclusão da narrativa.
Resisto à tentação de especificar aqui essa última teoria, e suas consequências, porque, isso sim, poderia roubar-lhes o prazer da sua descoberta.
Notas: 1 – José Emílio Major Neto é brasileiro, natural de Uberlândia, MG. É formado em Letras pela Universidade Federal de Uberlândia, MG. Em 1993, data da edição e do referido ensaio, era mestrando em Teoria Literária no IEL / Unicamp, Universidade Estadual de Campinas, SP, Brasil; 2 – Só o texto em itálico é que é meu.
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
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6 comentários:
Caro TempoBreve, à semelhança de todas as paixões, que devem ser partilhadas, decerto que Machado de Assis lhe agradece a recomendação, ou pelo menos a nomeação do seu livro, o Alienista. Terminei por estes dias Júlio Verne, imagino, por isso, que me fará bem esta mudança de ares. Já fiz o download do livro, que me acompanhará nas próximas semanas para todo o lado que eu vá.
Li o Alienista umas duas vezes, ainda que a primeira tenha sido uma leitura apressada. A segunda já foi intencional e há bem pouco tempo. Não acrescento mais nada porque sei que estou a ser escutado...
Parabéns pela recomendação deste livro de leitura obrigatória.
Caro S.
Fique sabendo que nunca até agora me tinha dirigido a uma letra apenas. Dirijo-me agora ao "S.", que é você. Só que, sendo você, deixa de ser letra apenas,não é? Continuarei, pois, a dizer que nunca falei com uma letra. Ainda podiam dizer que estava "alienado", não podiam?
Também gostei muito do Júlio Verne.
A mudança de ares não lhe fará mal. Mas veja lá no que se mete. Tenha cuidado ao cruzar-se com o Dr. Simão Bacamarte.
Já deve ter reparado que "O Alienista" é um livro pequeno. E, se começou a lê-lo, já deve ter acabado.
Mas há mais livros, não há?
Obrigado pela sua visita.
Até breve.
:-)
Caro João Manuel Campos:
Comigo acontece que a primeira leitura é sempre apressada. Depois, sendo o livro bom, aquilo fica ali dentro a pedir o prazer da segunda. E até talvez mais.
Você é de boas leituras. Nota-se. Aliás, se não fosse assim como digo, não estaria a ser escutado. Afinal, não sou só eu. Fiquemo-nos, então, por aqui.
Obrigado.
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É nóixxxx o/
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