O galo andava danado, mas não despia a pele de pavão, e muito menos a pose. No seu galinheiro mandava ele, que para isso o elegera a bicharada "de rabos sentados em cima dos cérebros"; pose estudada e cegamente obediente , que galo como aquele não se via há mais de três décadas. As galinhas é que se desagradavam por falta de choco.
Das espécies fêmeas, havia uma coelha dos lados da inducação (era assim o nome da sua terra) que gostava do galo, por causa que ele sempre a distinguira com deferências especiais, e até se empoleirava no galinheiro para a defender quando a restante animalada a atacava.
Vai daí, a coelha, que era assanhada - vá-se lá entender as más línguas -, um dia que apanhou o pavão-galo de crista eriçada a tentar fugir aos apupos da lacaiada reles e ressaibiada das suas habilidades independentemente conseguidas, aproveita a ocasião para lhe demonstrar, às escondidas, toda a sua espavorida excitação e veneração.
O que ela não contava era com a câmara indiscreta de um fotógrafo maroto nem com uns dedos maliciosos de um jornalista indiscreto.
fadaboa
* 1 - Esta texto, História que a fotografia encontrou, foi escrito pela fadaboa nos comentários a Fotografia à procura de história, e que está aqui logo abaixo; 2 - Agradeço-lhe a história e, como gostei dela, tomei a liberdade de a transpor para aqui; 3 - A fotografia continua nas Peles (isto para quem ainda a não viu); 4 - Só o título é que é meu, e tem a intenção de ligar os dois textos: o da fadaboa - História que a fotografia encontrou -, e o meu - Fotografia à procura de história.
terça-feira, 13 de novembro de 2007
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2 comentários:
Agradeço-lhe os retoques linguísticos que deu ao texto. Em relação ao ressabiada, optei pelo outro formato linguístico "ressaibiar", porque me pareceu mais em sintonia com oa "apupos" referidos na história.
"Ressaibiar" será. Só fiz parágrafos para distribuir melhor o texto.
Mais uma vez obrigado pela ajudinha.
:-)
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