Hoje fui visitá-lo. Pousei uma rosa na casa onde mora. Era vermelha. Ele sorriu. Só eu é que vi. Pousei outra ainda. Vermelha também. Sem que ninguém visse, devolvi-lhe o sorriso. E foi então que o descarado me sorriu de novo e, feito maroto, me piscou o olho.
14 comentários:
Muito comovente, de tanta ternura, a cartinha que foi guardada;muito íntimos esses sorrisos de cumplicidade eterna;muito bonita a poesia das rosas com o piscar de olhos descarado e maroto.
Um grande beijo.
Eu escrevi uma história que tinha por sujeito o mesmo artista. Não consegui acabá-la. Faltar-me-ia ainda metade. Mas estas últimas frases seriam a conclusão.
Ora, como eu queria deixá-las cá hoje, passei por cima da história e do tempo, e pus só a parte final.
Obrigado pelo comentário.
:-)*
Amigo!
Forma bem original de elevar os que já partiram!Bom filho,ele deve estar a festejar e,claro,a piscar o olho,gene que transmitiu ao seu
«menino».
Eduarda:
A originalidade, como expliquei no comentário acima, foi mero acaso. O texto era outro e mais longo. Não consegui acabar. Decidi que ficasse assim. E eu, agora que vejo como ficou, até acho que ficou bem.
Estas foram as últimas palavras escritas. Mas não foram as últimas que me foram ditas. Essas pesam muito mais. Mas são-me muito caras. E até bonitas.
:-)
O seu pai merecia que pusesse aqui o texto completo, embora a intenção e a forma como não deixou passar o dia em branco aqui onde pode vir quem quiser, é a melhor forma de demonstrar o seu respeito e admiração.
Mas gosto da sua escrita.
Pense no que lhe disse e atire o texto todo cá para a "malta" que gosta destas coisas.
Caro João:
Eu também acho que ele merecia e merece o texto todo inteirinho. Mas ainda não o acabei. E, se o acabar, e o publicar aqui, isso talvez me obrigue a escrever um terceiro.
O meu pai ia ficar vaidoso. E eu não sei se deva alimentar essa mania que ele tinha, e que lhe ficava tão bem. Mas, acho que não vou resistir, e vou acabar por escrever mais alguma coisa.
Depois não se queixe, que a culpa é sua, que me envaidece com os seus comentários.
Agradeço a sua visita. Agradeço as suas palavras. Vou pensar no que me disse.
Um abraço.
Filho meu bendito filho
O filho que Deus me deu
Deu-me rosas deu-me beijos
Ao maroto que sou eu.
Pisco olhos ao meu filho
Que de pisco há-de voar
Num granito escondido
Que jurei ver a voar.
ÁguaMar:
Foi ele que me ensinou a ver o granito. Passava-lhe a mão, como que a ler-lhe os segredos e dizia:
-Isto é que é natureza! Isto é que é pedra.
Foi ele também que me ensinou o nome dos pássaros. E, quando os não sabia, inventava-os. Ele era um mestre. E continua a sê-lo. Eu só dei pelo truque passados muitos anos. Mas ri-me, e nunca lho disse.
Obrigado pelas suas palavras.
:-)
Eu também fui visitar o Mestre J... M..., vi-o como sempre o vi, beijei-o e senti-o como sempre senti... Cheio de vida, cheio de alegria, traquinices, ternuras, mas fundamentalmente PRESENTE.
Esta presença deve-se à admiração, orgulho, amor e saudade que o meu pai sempre demonstrou por ele.
Sim, tenho a honra de me apresentar como filho do autor e neto destas palavras
A todos:
Isto não estava previsto. Isto é uma surpreza agradável e grande.
Tenho a honra de lhes apresentar o meu filho João.
E não consigo, por hora, dizer coisa com coisa.
Vou parar e fumar um cachimbo sozinho.
:-)
João,palavras de ternura que caem como pérolas nos olhos de quem as vê e lê.
Gostei muito de as ler.
João ,"De boa vinha boa uva , de boa uva bom vinho". Os artistas estão ambos orgulhosos:um pisca o olho de maroto e esconde as lágrimas; o outro fuma cachimbo para disfarçar.
Un dia será ele que lhe vai piscar os olhos,quando você lhe der as rosas . E ele é maroto que baste para fazer isso e muito mais. Mas esta rosas que aqui lhe deixou são os melhores beijos que até hoje lhe deu.
Posso dar-lhe um a si? E um sorriso? E dois? Que tal?
:) :)
Ao ler todas estas palavras deparo-me com a minha singularidade, que por definição me distingue mas conduz ao que sou hoje. E se fosse eu a publicar as palavras honrosas do meu avô? Nunca o poderei fazer, o meu avô nunca deixou uma única remanescência escrita de toda a sua sabedoria, um traço que me mostre como desenharia cada letra, o meu avô não sabia escrever. Caro tempobreve, reconhece a preciosidade do que guarda? E como eu o invejo...
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